quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A Influência de Marcel Duchamp na Arte Contemporânea

Arte Conceitual

A Arte Conceitual surgiu como categoria no final da década de 60 e início da década de 70.
A Arte Conceitual está preocupada com o conceito que a obra tem, a idéia, e não com a técnica e materiais utilizados. O conceito é o elemento principal para definir uma obra de arte, se não tem conceito, não é obra de arte.
A Arte Conceitual teve como influência os readymades de Marcel Duchamp. Readymades são objetos retirados do cotidiano das pessoas, inicialmente não reconhecidos como objeto artístico, e reapresentados como elementos do processo criativo. Em 1916 Duchamp inventa o termo readymade.

Marcel Duchamp é um artista francês que nasceu em 28 de Julho de 1887 em Blainville, França, e morreu em Nova York, EUA, em 2 de outubro de 1968.
Entre 1913-1916 Duchamp elabora os readymades, passando a incorporar material de uso comum nas suas obras, às vezes acrescentando detalhes, outras vezes atribuindo-lhes títulos arbitrários. O caso mais célebre é o de "Fonte“.
Em 1917, foi fundada em Nova Iorque a nova Society For Independent Artists que tinha por modelo o Salon Des Indépendants de Paris. Qualquer pessoa que pagasse seis dólares podia apresentar dois trabalhos.
Duchamp era um dos diretores do grupo, mas como ele não gostava da organização, decidiu provocar os responsáveis pela escolha e exibição dos objetos, ao apresentar a “Fonte” sob pseudônimo.
A “Fonte” era um urinol de porcelana de um modelo que, quando montado numa casa de banho pública, só poderia ser usado por um homem a urinar de pé.
Duchamp limitou-se a comprar o urinol e a colocá-lo simplesmente sobre o lado plano, pelo que ficava ereto. Assinou a base com o pseudônimo R.Mutt.
O “R” significa “Richard” que em sentido familiar, em francês, quer dizer “pessoa rica”. Duchamp estava também a brincar com o verdadeiro nome da empresa de Nova Iorque onde ele adquiriu o urinol, a “Mott Works”, alterando a ortografia.
A “Fonte” nunca foi exposta, apesar de R.Mutt ter pago os seis dólares, a peça nem foi mencionada no catálogo.
Outra coisa estranha que Duchamp fez, foi comprar um suporte para garrafas numa loja, que também colocou no estúdio sem qualquer intenção de usá-lo para secar garrafas.
Com a sua aparência banal e autônoma de objeto industrial, tem também uma presença simultaneamente feminina (saia) e fálica (picos).
O embate entre masculino e feminino é enfatizado na obra de Duchamp e se estende a uma série de artistas contemporâneos.
Felix Bressan é um artista contemporâneo brasileiro, nasceu em Caxias do Sul - RS, em 1964, é professor na Universidade de Caxias do Sul, já participou da Bienal do Mercosul e atualmente mora em Porto Alegre.
Bressan apresenta obras com influências de Duchamp.
Ao observarmos as obras de Bressan, poderíamos identificar a presença do humor e do lúdico, do readymade, da apropriação propriamente dita ou ainda a corporificação de um maquinário estranho e inútil, como propunha Duchamp em sua obra.
A oposição feminino/masculino é questionamento central dos discursos de Duchamp e Bressan. Ambos trabalham ao redor da dualidade através da apresentação de objetos em suspensão.

Na obra de Bressan, perversão, desejo, identidade não são camuflados.
Afinal, Bressan vive num tempo em que nada escandaliza. Seu imaginário e seus brinquedos constituem a poética do desejo de uma forma livre e direta, sem dissimulações.
Um elemento constitutivo em todas as suas peças é, surpreendentemente, o vazio, o invisível. Por meio deste artifício, do jogo com o visível e o invisível, o material e o imaterial, o presente e o ausente, Bressan nos apresenta interrogações, senão revelações. Mais do que lembrança, suas obras são apelos ao olhar e à imaginação.